Xuxa arrastou uma multidão pelas ruas de Recife e Olinda, semana passada, para gravar a última etapa nordestina do “Conexão Xuxa”, um game show comandado pela apresentadora que entrará no ar no dia 2 de dezembro, na Globo, em ritmo de gincana. O Marco Zero, praça que fica às margens do porto da capital pernambucana e onde ocorrem as grandes festas da cidade, virou um campo de prova de esportes radicais, como o arvorismo, com pontes suspensas presas em tocos gigantes.

 

Serão ao todo sete programas com ação, caça ao tesouro, música e provas de conhecimento geral. Oito equipes formadas por
jovens atores e atletas participaram das provas que percorreram o Nordeste (três em Salvador, uma em João Pessoa, uma em Natal e uma entre Recife e Olinda), mobilizando uma equipe de cerca de 350 pessoas. A final acontecerá no Rio.

A idéia do “Conexão Xuxa”, que irá ao ar aos domingos, às 13h, é mostrar um Brasil que nem todos conhecem. — A maior parte da população não tem chance de viajar e conhecer todo o país. Nossa intenção é trazer o Brasil para o Brasil, quem faz a base cultural da cidade, os artistas, os músicos, os artesãos. O que pretendemos é que as pessoas conheçam mais o país e o vejam de uma forma mais profunda e diferente — afirma o diretor Fabrício Mamberti que, entre uma cena e outra, revelou que, se tudo correr bem em 2007, no próximo ano o “Conexão Xuxa” terá 42 episódios, em vez de sete.

Em Recife, Xuxa — que por causa do novo programa vem praticando esportes radicais — iniciou a prova titubeando um pouco nos primeiros minutos, mas respirou fundo e seguiu em frente. Do Marco Zero, as equipes partiram para o Mercado São José, um prédio histórico e secular que retrata o coração popular de Recife. É ali que se comercializam os pescados, as carnes, os artesanatos e os objetos do sincretismo religioso.

 

As equipes correram em busca de tarefas que melhor retratassem a cultura popular do estado. Depois, foram para a vizinha Olinda, onde se concentraram no Mercado da Ribeira, um dos locais mais visitados da antiga cidade. O Sol era escaldante, e as equipes se atropelavam correndo pelas ladeiras em busca de “tesouros” espalhados pela cidade histórica. Por tesouros leia-se artistas que fazem a cultura da cidade, sejam populares ou eruditos. Os garotos e as garotas também passaram por uma prova de conhecimento, em que Xuxa fazia as perguntas.

As questões abordaram curiosidades gerais, história local, história do Brasil e geografia. —É tudo pontuado por pílulas culturais. Aos poucos, nós vamos contando a história de cada lugar visitado pela produção — explica o roteirista Marcel Souto Maior. No Mercado da Ribeira, já estava esperando um dos grupos folclóricos mais representativos do estado: os Caboclinhos Sete Flexas, de Goiana, cidade a 65 quilômetros de Recife. Quando o programa for ao ar, o telespectador também verá o maracatu de baque virado, de origem africana (com o grupo Estrela Brilhante, que tem mais de um século), e o maracatu de baque solto (mais recente, com origem nos canaviais e integrado por caboclos com lanças). Verá, ainda, como se dança o frevo e conhecerá a orquestra comandada pelo Maestro Forró, da Bomba do Hemetério, um bairro popular da periferia recifense, cujos músicos vêm
correndo o mundo com seu ritmo rasgado.

 

Nas gravações também não faltaram os bonecos gigantes, que são a cara de Olinda. Tudo terminou em festa, com a mistura do som dos metais dos frevos, das alfaias do maracatu de baque virado e dos chocalhos do maracatu. Ao longo dos sete programas, desfilarão pelo menos 60 artistas pelo “Conexão Xuxa”. Entre eles, Ivete Sangalo, Filhos de Gandhi, Olodum, Asa de
Águia e Jamil e Uma noites, em Salvador; Detonautas, em Natal; Timbalada, em João Pessoa; além de grupos de manifestações populares e representantes do manguebeat, em Recife.

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Fonte: O Globo, 04/11/2007